Raios de Luz

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Alguém que anda SÓ

domingo, 13 de novembro de 2011

Ceifo o Trigo


Ceifo o trigo, como quem corta cabelos.
Desejoso de seus grãos, por pãos, como tê-los?
Depois recomeço a cultura, preparo solo
Arando em terra dura.

Revolvo sob sol em terreno hostil
Esperançoso de colheita, suor me queima a face
Jogando a semente, num sonho pungente
De joelhos, olhando o chão, desejo que nasce.

Brota o fruto, meu objeto e minha cobiça
Verde haste rasga o chão
Buscando o céu, a vida
Viver é o seu desejo, ser colhido é premissa.

Fruto adulto. Destino previsto
Desejam viver, mas não á como assim mantê-los
Em sua direção, ávido vem o ceifador
E ceifa o trigo, como quem corta cabelos.
[Ricardo Blomberg]

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A dor e o Vazio


Não há dor mais tirana que a dor do vazio, não há o que preencha, até o ar falta aos pulmões, quando o que sobra é a certeza da dúvida atroz e a ignorância contumaz de não saber onde buscar a energia.
A vilania do destino, sorrateiro malfazejo que joga ao desterro o que um dia foi campo florido e hoje não mais regado é terreno infértil e ardido. Sopram os ventos sem aragem doce e fria apenas o bafo desolado de agonia.
O que antes era jornada agora é apenas descaminho, apenas dois passos fazendo trilha de um peregrino sozinho. Olhando ao derredor nada vê além do além distante, confortando-se com a sombra que lhe é companhia.
Percorrendo traçado firme, no vislumbre do horizonte que lhe chama, pensa apenas na hora do repouso de seu corpo solitário na cama. Seu peito não é mais seu é da dor e do vazio, andando as cegas e nada entendendo neste vale sombrio.
[Ricardo Blomberg - dia de finados -02/11/2011]